terça-feira, 9 de dezembro de 2008


Gomorra

O filme italiano "Gomorra", do realizador Matteo Garrone, conquistou, em Copenhaga, Dinamarca, cinco dos principais Prémios 2008 da Academia de Cinema Europeu, incluindo o de melhor filme, realizador, argumento, actor, para Toni Servillo, e fotografia, de Marco Onorato.
Na 21ª cerimónia de entrega dos galardões, a longa-metragem - uma incursão inquietante no universo da máfia napolitana, a Camorra - conquistou também o prémio de melhor argumento, da autoria de Maurizio Braucci, Ugo Chinti, Gianni Di Gregorio, Matteo Garrone, Massimo Gaudioso e Roberto Saviano.
O realizador e presidente da Academia, Wim Wnders, declarou que não ficou "surpreendido" por "Gomorra" ter arrecadado cinco prémios: "É um sinal da excelente vitalidade do cinema europeu, que pode viajar e ter êxito Mundo fora".
Por seu turno, Yves Marnion, presidente do conselho de administração da Academia, comentou, a propósito dos cinco prémios atribuídos a "Gomorra", que a obra "beneficiou de uma aura muito particular, que vai além das fronteiras do seu país". A longa-metragem é baseada na obra homónima do escritor Roberto Saviano, que foi ameaçado de morte pela Camorra napolitana, razão pela qual não podia estar presente na cerimónia para receber o prémio como co-guionista.
O prémio de melhor actriz foi para Kristin Scott Thomas, no filme "Il y a longtemps que je t'aime", de Philippe Claudel.

Nova Descoberta

Pesquisa. Cientistas de Manchester descobriram uma relação directa entre o vírus do herpes labial e a doença de Alzheimer, o que abre portas a nova abordagem terapêutica

Estudo mostra presença de vírus no cérebro

O vírus do herpes labial, o HSV1, pode ser o culpado, ou pelo menos um dos culpados, no desenvolvimento da doença de Alzheimer. Este é a conclusão de um grupo de investigadores da universidade britânica de Manchester, que detectou a presença do ADN (material genético) do vírus do herpes nas placas proteicas (amilóides) que se formam no cérebro dos doentes com Alzheimer, e que levam à sua destruição.

A descoberta, publicada no Journal of Pathology, abre a porta, segundo os próprios cientistas, a um tratamento à base de acyclovir, antiviral utilizado para o herpes labial ou ao desenvolvimento de uma vacina para o Alzheimer.

Liderada por Ruth Itzhaki, a equipa de Manchester estuda há anos a possível relação entre o vírus HSV1 e a doença de Alzheimer. Esta doença neurodegenerativa sem cura afecta cerca de 20 milhões de pessoas em todo o mundo e nos países industrializados está em expansão.

O grupo de Ruth Itzhaki já tinha descoberto que o vírus responsável pelo herpes labial está presente no cérebro de muitas pessoas idosas e que, perante um factor genético específico, essas pessoas têm um risco mais elevado de desenvolver Alzheimer. Na última fase do trabalho, os investigadores foram mais longe e conseguiram determinar que, nas pessoas com Alzheimer, o ADN do vírus se localiza nas placas proteicas que se formam no cérebro. Por outro lado, em 90% dos casos estudados, essas placas contêm material genético do vírus. Estes dados sugerem que o vírus desempenha um papel importante na doença neurodegenerativa.

"Pensamos que o HSV1 se introduz no cérebro de pessoas idosas quando o seu sistema imunitário fica mais frágil e se estabelece ali num estado de dormência, sendo repetidamente activado em situações de stress ou de outras infecções", explicou a líder da equipa, citada pela Science Daily.

Quando se desencadeiam essa infecções pelo HSV1, as células cerebrais afectadas morrem e desintegrar-se, libertando elementos amilóides, que se agregam em placas com o depósito de outros componentes das células mortas.

A descoberta abre a possibilidade de utilização de antivirais para evitar as infecções nas células cerebrais e investigá-la será o próximo passo da equipa.

Numa primeira abordagem desta via de trabalho, a equipa já conseguiu demonstrar que o acyclovir pode reduzir a deposição de elementos amilóides no cérebro dos doentes com Alzheimer. - F.N.