domingo, 8 de março de 2009

Nino Vieira embalsamado




O corpo de Nino Vieira foi embalsamado por médicos senegaleses, mas ontem subsistiam ainda dúvidas quanto à realização do funeral: terça-feira foi o dia marcado pela Comissão de Acompanhamento criada para gerir as duas cerimónias fúnebres. O facto de ser autorizado o embalsamamento do cadáver do ex-presidente indicia claramente que as autoridades guineenses equacionaram depositar a urna no panteão dos heróis nacionais no Forte de Amura, local onde se encontram os restos mortais de Amílcar Cabral, líder da luta de libertação contra o colonialismo português, em pleno centro de Bissau. Porém, face à tensão latente entre os militares, receia-se que os familiares e tropas fiéis a Tagmé na Waie possam exigir para o general assassinado o mesmo tratamento que vier a ser dado a Nino Vieira, o que contribuiria para a eclosão de novas confrontos.
Até ontem, Isabel Vieira, viúva do ex--presidente assassinado, mantinha-se irredutível na decisão de não autorizar a realização do funeral do marido para o cemitério de Bissau, mantendo--se a possibilidade de o corpo ser entregue à família após receber honras militares e outras que a Constituição prevê para presidentes da República falecidos no exercício das funções. Segundo apurou o CM, há quem defenda que o estatuto de Tagmé Na Waie não tem paralelo com o de Nino Vieira, líder militar na luta de libertação e com mais de 21 anos como presidente da República. As posições radicalizam-se a poucas horas do primeiro funeral, o de Tagmé, marcado para esta manhã, às 11h00. A Comissão criada para este efeito ainda não se pronunciou.
Sabe-se apenas que a estrada por onde se fará o percurso para o cemitério foi aplanada e no cemitério duas covas foram preparadas, lado a lado, para receber os cadáveres de Nino Vieira e de Tagmé Na Waie. Falta saber se vão ser os locais do descanso eterno destes dois homens com destinos cruzados.

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