domingo, 10 de janeiro de 2010

Sem calças no metro de Lisboa



Várias dezenas de pessoas tiveram hoje, domingo, a coragem de contrariar as baixas temperaturas e viajaram no Metropolitano de Lisboa sem calças, uma iniciativa realizada pelo ImprovLisboa.

Tal como vem anunciado no blogue, o ImprovLisboa "é um grupo que causa situações de caos e alegria no dia cinzento dos habitantes de Lisboa" e hoje, ao mesmo tempo que noutras 40 cidades europeias e pelo segundo ano consecutivo, o desafio foi andar de metro sem calças.

O objectivo "é tornar as pessoas mais alegres e bem dispostas e mais conscientes de que às vezes as regras alteram-se e o mundo não é sempre igual. As pessoas vão sempre caladas no metro a pensar que o dia de hoje vai ser igual a todos os dias e hoje não vai", garantiu à Lusa o mentor da ideia em Portugal, Francisco Belard, responsável pelo grupo ImprovLisboa.

O plano era simples e foi explicado em traços gerais às muitas dezenas de pessoas que se propuseram ao desafio: o ponto de encontro estava definido para a estação de metro de Alvalade, tinham de trazer roupa prática, uma mochila para depois guardarem as calças e muita vontade e pouca vergonha por se despirem dentro de uma carruagem do metro.

Apesar da boa disposição, não se pretendia chocar ninguém e, por isso, havia regras a cumprir.

"Vai sempre haver gente a ficar chocada e a não perceber o sentido, mas isso aconteceria mesmo que fossemos vestidos de palhaço ou a fazer outra coisa qualquer, mas as regras são não usar roupa interior que revele mais do que um fato-de-banho e tirar as calças sem declarar o que estamos a fazer e sem perder a compostura", esclareceu Francisco Belard.

No ponto de encontro, os participantes foram divididos em quatro grupos e a cada grupo foi atribuído um líder. Depois, a cada grupo, foi estipulada qual a estação de metro em que deveriam sair da carruagem.

A viagem começou na estação de Alvalade, primeiro com destino a Telheiras. Aí, os participantes deveriam mudar de sentido e voltar a entrar no metro, cada grupo em carruagens diferentes. Depois de saírem de Telheiras, os membros de cada grupo foram então despindo-se, numa viagem até à estação do Cais do Sodré.

Por ser um domingo, as carruagens do metro iam mais vazias do que num habitual dia de semana, mas ainda assim com os passageiros suficientes para a iniciativa provocar algumas reacções.

"Faz-me pensar, questiono porquê, porque é que com um frio destes as pessoas estarão assim [sem calças]?", questionava Maria Marques.

Já Herculano Gaspar admitiu que estava a "achar muita piada".

"Nestes primeiros dias de Janeiro, acho que é das poucas coisas que fazem rir um bocadinho e acho muito engraçado", disse à Lusa, admitindo que "faz muita falta rir".

Inês Martins, por seu lado, admite mesmo participar no próximo ano porque o que viu a fez ficar "bastante bem disposta".

"Temos aquela ideia que os portugueses olham de lado ou gozam um pouco, mas daquilo que eu tenho estado a ver, até agora, as pessoas riem-se e eu acho muita piada. Não faz mal nenhum rirmos e se tivermos de esperar por situações deste género, melhor ainda porque há que ser original", defendeu.

Manuel Catarino era, com os seus 49 anos, um dos participantes mais velhos, senão mesmo o mais velho. Contou à Lusa que assim que viu na Internet o anúncio da iniciativa, disse logo às filhas que ia participar.

"Pedi ajuda à minha filha do meio, [disse-lhe] vê lá se é em Alvalade, não sei bem o que é que é e a minha filhota disse-me que era no metro de Alvalade. E eu disse porreiro, estou lá".

Já as filhas ficaram em casa.

"As minhas filhas não se metem nisto, o pai é que sempre foi maluco e continua a ser", disse Manuel Catarino.

Partindo de Telheiras e doze estações depois, o grupo alcançou o destino final, a estação de Cais do Sodré, e sob o olhar desconfiado dos funcionários do Metropolitano de LIsboa, mas já com as calças vestidas, a iniciativa terminou com uma grande salva de palmas.

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